Climatologia RJ
  • Início
  • Mapas e Gráficos
  • Clima Urbano e Ilhas de Calor
  • Plataforma Landsat
  • Glossário
  • Publicações
  • Equipe
  • Contato

A Plataforma LANDSAT

A série temporal do Land Remote Sensing Satellite (LANDSAT) é, possivelmente, o principal banco de dados de imagens de satélite do Brasil (e do mundo) e está acessível gratuitamente e virtualmente aos usuários internacionais pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), Agência Espacial Americana, e aos usuários nacionais no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O programa LANDSAT foi desenvolvido pela National Aeronautics e Space Administration (NASA) com o intuito de adquirir informações espaciais, espectrais e temporais dos recursos terrestres em escala global e repetitiva (ROSA, 2007). Desde 1972 até o presente, sete plataformas já atuaram ou ainda atuam, conforme detalha o Quadro 1: o LANDSAT-1 (1972), LANDSAT-2 (1975), LANDSAT-3 (1978), LANDSAT-4 (1982), LANDSAT-5 (1984), LANDSAT-6 (1993), LANDSAT-7 (1999) e o LANDSAT-8 (2013).

Quadro 1: Características dos Satélites LANDSAT
Fonte: Adaptado do USGS (https://landsat.usgs.gov/what-are-band-designations-landsat-satellites).

Sete sistemas sensores operaram nessas plataformas, a saber: o Multispectral Scanner System (MSS), o Retum Beam Vidicom (RBV), o Thematic Mapper (TM), Enhanced Thematic Mapper (ETM), o Enhanced Thematic Mapper+ (ETM+), o Operacional Land Imager (OLI) e o Thermal Infrared Sensor (TIRS), O MSS e o RBV operaram nas plataformas LANDSAT 1, 2 e 3; o MSS e o TM, nas plataformas LANDSAT 4 e 5; o ETM e o ETM+ nas plataformas LANDSAT 6 e 7 e o OLI e TIRS na plataforma 8. A principal diferença entre esses sistemas sensores dá-se pelas características de resolução espectral e espacial e pela sensibilidade radiométrica das bandas. Neste caso, os sensores TM, ETM+, OLI e TIRS apresentam melhores resoluções e sensibilidade (JENSEN, 2009).

A escolha dos sensores TM, ETM+, OLI e TIRS para esta pesquisa, presentes nas séries 5, 7 e 8, deve-se exatamente pela presença da banda termal [2] não presente nas séries de 1 a 4. A banda está posicionada dentro da janela atmosférica no intervalo espectral médio entre 10,40 µm - 12,50 µm correspondente à região do infravermelho termal, destinando-se, dessa forma, ao mapeamento da temperatura dos alvos presentes na imagem. Essa aplicabilidade, em conjunto com sua resolução espacial, 120 metros para o LANDSAT-5, 60 metros para o LANDSAT-7 e 100 metros para o LANDSAT 8, são fundamentais ao mapeamento e ao estudo das ilhas de calor. Os Quadros de 2 a 5 apresentam as características das bandas dos sensores que possuem bandas termais.

O sensor TM (Quadro 2) foi lançado a bordo dos satélites LANDSAT 4 e LANDSAT 5 e opera com 7 bandas que incluem as regiões do visível, infravermelho próximo, médio e termal. Apresenta melhor resolução espacial, acurácia radiométrica e posicionamento geométrico que seu antecessor, o sensor MSS. O sensor TM teve uma longínqua duração, onde somente parou de transmitir dados em 2011. A grande diferença entre ele e o seu antecessor, é a banda do infravermelho termal.

Quadro 2: Características das bandas do Sensor TM
Fonte: Adaptado do USGS (https://landsat.usgs.gov/what-are-band-designations-landsat-satellites).

O sensor ETM (Quadro 3) foi projetado para ser levado a bordo do LANDSAT 6, no entanto, o satélite não entrou em órbita devido a uma ruptura no coletor de hidrazina, o que ocasionou no impedimento da chegada do combustível ao motor, fazendo o satélite cair. Em relação ao seu antecessor, o sensor TM, foi incluída uma nova banda, chamada de banda pancromática (banda 8) com 15 metros de resolução espacial e mantidas as demais configurações técnicas. Essa banda pancromática, possuía uma resolução espectral que ia desde a região do verde, até a região do infravermelho (0.52 –0.90 μm), assim era possível obter maior quantidade de energia radiante que chegava ao sensor, podendo-se ter maior qualidade e confiança nos dados registrados e melhores composições em RGB.

Quadro 3: Características das bandas do Sensor ETM
Fonte: Adaptado do USGS (https://landsat.usgs.gov/what-are-band-designations-landsat-satellites).

O sensor ETM evoluiu para o sensor ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) lançado em 1999 a bordo do LANDSAT 7 (Quadro 4). Este instrumento foi capaz de ampliar as possibilidades de uso dos produtos LANDSAT, oferecendo a versatilidade e eficiência obtidas nas versões anteriores, pois conseguiu melhorar a acurácia do sistema, manteve os mesmos intervalos espectrais, ampliou a resolução espacial da banda 6 (infravermelho termal) para 60 metros, além de tornar a banda pancromática operante e permitir a geração de composições coloridas com 15 metros de resolução. O LANDSAT 7 enviou dados completos para a Terra até 2003, quando apresentou avarias de hardware e começou a operar com o espelho corretor de linha (SLC) desligado. Desde então, as imagens continuam adquiridas e enviadas para a Terra, mas para torná-las aptas à utilização necessitam de correções prévias e análise de acurácia no posicionamento e calibração dos pixels.

Quadro 4: Características das bandas do Sensor ETM+
Fonte: Adaptado do USGS (https://landsat.usgs.gov/what-are-band-designations-landsat-satellites).

Finalmente no LANDSAT 8 ocorreram mudanças importantes, onde passou-se a ter 2 sensores, onde um seria responsável pela parte da reflectância (OLI) e outro pela parte termal (TIRS) - Quadro 5. O sensor OLI possui 9 bandas, das quais 6 são semelhantes ao sensor TM/ETM+ e outras 3 (banda 1, banda 8 e banda 9) são diferentes, onde possibilitam estudos costeiros, mascaramento de nuvens e composições pancromáticas. O sensor TIRS possui não somente uma, mas duas bandas termais, o que possibilita a aplicação de algoritmos “split windowâ€, muito utilizados na obtenção da temperatura da superfície.

Quadro 5: Características das bandas dos sensores OLI e TIRS
Fonte: Adaptado do USGS (https://landsat.usgs.gov/what-are-band-designations-landsat-satellites).

O sistema de plataformas LANDSAT oferece algumas vantagens em relação a outros sistemas de satélites, nomeadamente a sua série temporal relativamente longa, que, no caso da RMRJ, data-se desde 1984, conjugada com sua resolução espacial. Apesar da série de satélites polares da National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA) possuir, a bordo, o instrumento Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR) também com bandas no infravermelho termal e uma série temporal um pouco mais extensa, desde 1979, sua resolução espacial de 1,1 km é muito baixa em detalhe, quando comparada com a resolução espacial oferecida pelo LANDSAT.

Instrumentos a bordo das plataformas TERRA e AQUA, como o Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) e o Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER), também possuem bandas no infravermelho termal. Não obstante, além de começar a operar somente a partir de 1999, comprometendo o tamanho da série temporal, o MODIS apresenta uma resolução espacial, no seu maior nível de detalhe, de apenas 250 metros, enquanto que a resolução do ASTER é de 90 m, comparável à do LANDSAT.

Adicionalmente, a série de dados do LANDSAT é disponibilizada gratuitamente aos usuários de forma amigável e instantânea. Dessa forma, a plataforma LANDSAT reúne condições razoáveis de praticidade no acesso, de cobertura temporal e de resolução espacial que faz com que sua utilização seja especialmente importante nos estudos de clima urbano no estado do Rio de Janeiro.

De fato, o LANDSAT é uma das ferramentas pioneiras na investigação do clima urbano por meio de técnicas mais modernas, proporcionando o mapeamento espacial da temperatura e a detecção da ilha de calor urbana (LOUGEAY et al., 1996; WALD e BALEYNAUD, 1999; VOOGT e OKE, 2003).

Referências Bibliográficas

  • Jensen, J.R. Remote sensing of the environment: an earth resource perspective. Upper Saddle River: Prentice Hall, (2000). 544p.
  • Lougeay, R., Brazel, A., Hubble, M. (1996) Monitoring intra-urban temperature patterns and associated land cover in Phoenix, Arizona using LANDSAT thermal data, Geocarto International, 11, 79–89.
  • Lucena, A.J. (2012) A ilha de calor na região metropolitana do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Ciências Atmosféricas em Engenharia). Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE, Rio de Janeiro. 340p.
  • Miranda, V.F.V.V. (2017). Caracterização e Validação do balanço de energia na região metropolitana do Rio de Janeiro utilizando dados de sensoriamento remoto. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Bacharelado em Ciências Matemáticas e da Terra com Habilitação em Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 151p.
  • Voogt, J. A., Oke, T. R. (2003) Thermal remote sensing of urban climates. Remote Sensing of Environment, 86: 370–384.
  • WALD, L., BALEYNAUD, J. M., 1999, “Observing air quality over the city of Nantes by means of LANDSAT thermal infrared dataâ€, International Journal of Remote Sensing, vol. 20, pp. 947– 959.

As Imagens LANDSAT e a Composição dos Mapas

Cento e quarenta e uma (141) imagens, desde 1984 a 2016, foram selecionadas referentes aos sensores TM, ETM+, OLI e TIRS a bordo dos satélites LANDSAT 5, 7 e 8 obtidas através do United States Geological Survey (USGS) e do Instituto Nacional de pesquisas Espaciais (INPE) para a elaboração dos mapas e gráficos (Quadro 6). Uma composição de imagens para cada ano foi realizada e assim gerado um mapa anual. Apenas não há mapa anual para o ano de 1989, quando não há imagem alguma.

Quadro 6: Distribuição das imagens LANDSAT por ano e sensor
DataSatélite
01/07/1984Landsat-5
24/12/1984Landsat-5
15/04/1985Landsat-5
04/07/1985Landsat-5
28/01/1986Landsat-5
20/05/1986Landsat-5
11/08/1987Landsat-5
22/03/1988Landsat-5
24/02/1990Landsat-5
27/02/1991Landsat-5
16/04/1991Landsat-5
02/05/1991Landsat-5
21/07/1991Landsat-5
07/09/1991Landsat-5
14/02/1992Landsat-5
05/06/1992Landsat-5
08/08/1992Landsat-5
14/12/1992Landsat-5
30/12/1992Landsat-5
15/01/1993Landsat-5
31/01/1993Landsat-5
05/04/1993Landsat-5
18/01/1994Landsat-5
10/05/1994Landsat-5
29/07/1994Landsat-5
01/10/1994Landsat-5
11/04/1995Landsat-5
27/04/1995Landsat-5
29/05/1995Landsat-5
16/07/1995Landsat-5
31/05/1996Landsat-5
02/07/1996Landsat-5
20/09/1996Landsat-5
09/12/1996Landsat-5
03/06/1997Landsat-5
06/06/1998Landsat-5
08/07/1998Landsat-5
25/08/1998Landsat-5
21/03/1999Landsat-5
24/05/1999Landsat-5
27/07/1999Landsat-5
26/05/2000Landsat-5
14/08/2000Landsat-5
02/11/2000Landsat-5
05/01/2001Landsat-5
14/02/2001Landsat-7
27/04/2001Landsat-5
06/06/2001Landsat-7
14/06/2001Landsat-5
01/08/2001Landsat-5
09/08/2001Landsat-7
17/08/2001Landsat-5
04/10/2001Landsat-5
09/06/2002Landsat-7
27/07/2002Landsat-7
12/08/2002Landsat-7
20/02/2003Landsat-7
06/07/2003Landsat-5
22/07/2003Landsat-5
23/08/2003Landsat-5
26/10/2003Landsat-5
29/12/2003Landsat-5
30/01/2004Landsat-5
02/03/2004Landsat-5
03/04/2004Landsat-5
22/06/2004Landsat-5
31/12/2004Landsat-5
09/06/2005Landsat-5
11/07/2005Landsat-5
28/08/2005Landsat-5
16/11/2005Landsat-5
04/02/2006Landsat-5
27/05/2006Landsat-5
14/07/2006Landsat-5
31/08/2006Landsat-5
23/02/2007Landsat-5
11/03/2007Landsat-5
27/03/2007Landsat-5
12/04/2007Landsat-5
15/06/2007Landsat-5
02/08/2007Landsat-5
19/09/2007Landsat-5
05/10/2007Landsat-5
23/10/2008Landsat-5
10/12/2008Landsat-5
28/02/2009Landsat-5
19/05/2009Landsat-5
04/06/2009Landsat-5
20/06/2009Landsat-5
08/09/2009Landsat-5
15/02/2010Landsat-5
19/03/2010Landsat-5
20/04/2010Landsat-5
07/06/2010Landsat-5
09/07/2010Landsat-5
26/08/2010Landsat-5
11/09/2010Landsat-5
09/05/2011Landsat-5
12/07/2011Landsat-5
13/08/2011Landsat-5
30/09/2011Landsat-5
29/02/2012Landsat-7
04/06/2012Landsat-7
06/07/2012Landsat-7
22/07/2012Landsat-7
07/08/2012Landsat-7
23/08/2012Landsat-7
28/04/2013Landsat-8
14/05/2013Landsat-8
17/07/2013Landsat-8
02/08/2013Landsat-8
03/09/2013Landsat-8
09/01/2014Landsat-8
07/02/2014Landsat-8
10/02/2014Landsat-8
26/02/2014Landsat-8
14/03/2014Landsat-8
02/06/2014Landsat-8
04/07/2014Landsat-8
21/08/2014Landsat-8
06/09/2014Landsat-8
08/10/2014Landsat-8
27/12/2014Landsat-8
12/01/2015Landsat-8
13/02/2015Landsat-8
18/04/2015Landsat-8
20/05/2015Landsat-8
05/06/2015Landsat-8
25/09/2015Landsat-8
11/10/2015Landsat-8
31/01/2016Landsat-8
19/03/2016Landsat-8
20/04/2016Landsat-8
06/05/2016Landsat-8
22/05/2016Landsat-8
09/07/2016Landsat-8
26/08/2016Landsat-8
13/01/2016Landsat-8
18/02/2017Landsat-5
09/05/2017Landsat-5
25/05/2017Landsat-5
28/07/2017Landsat-5
14/09/2017Landsat-5
17/11/2017Landsat-5
25/03/2018Landsat-5
10/04/2018Landsat-5
12/05/2018Landsat-5
29/06/2018Landsat-5
01/09/2018Landsat-5
03/10/2018Landsat-5
22/12/2018Landsat-5
07/01/2019Landsat-5
24/02/2019Landsat-5
13/04/2019Landsat-5
16/06/2019Landsat-5

As imagens correspondem a órbita 217 e ponto 76 cobrindo a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) e oscilavam entre os horários de 12h e 12h50m (GMT), isto é, entre 9h e 9h50m no horário local (Hora de Brasília) para as imagens de outono-inverno, e entre 10h e 10h50m no horário local (Horário Brasileiro de Verão) para grande parte das imagens de primavera-verão.

Dois critérios foram adotados para a seleção das imagens. O primeiro é a ausência ou a baixa presença de nuvens sobre a área continental da RMRJ. Foram privilegiadas as imagens com ausência de nuvens nos quadrantes 1 e 2 da imagem (Figura 1) ou no máximo com 20%. Ainda assim, dentre as imagens com 20%, algumas foram rejeitadas quando as nuvens eram muito espessas e contínuas, tomando uma grande área, conforme visualizado no exemplo da Figura 1 no quadrante 3. A qualidade radiométrica da imagem foi outro critério adotado, isto é, a presença de ruídos em uma das bandas que impedisse o processamento radiométrico da imagem. A verificação da qualidade radiométrica foi realizada tanto visualmente como pela constatação de valores físicos não realísticos.

Imagem LANDSAT-5 da órbita ponto 217-76 referente à Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Figura 1: Imagem LANDSAT-5 da órbita ponto 217-76 referente à Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) do dia 09/05/11 exibindo os quadrantes de cobertura de nuvens. Nesta imagem a Divisão de Geração de Imagens (DGI-INPE) quantifica os quadrantes 1 e 2 com 10%, o quadrante 3 com 20% e o quadrante 4 com 30% de nuvens.

As imagens adquiridas sofreram três processos: correção geométrica, calibração radiométrica e mascaramento de nuvens. Quanto ao primeiro processo as imagens foram processadas e georeferenciadas no código computacional SPRING 4.3 e no software ENVI 4.7. As imagens foram associadas a uma projeção cartográfica (WGS 84) e foram georreferenciadas em função de uma imagem base Geocover_2003, sendo esta um composto da série LANDSAT. Mesmo as imagens do LANDSAT-8, que já vêm corrigidas geometricamente, foi feito este processo para que se mantivesse consistência nos dados em relação a sua base (Geocover_2003). Como o trabalho foi realizado antes de 2016, foi necessário reamostrar as bandas termais, que vinham em resoluções diferentes das bandas de reflexão (120 metros LANDSAT-5, 60 metros LANDSAT-7 e 100 metros LANDSAT-8), o que nos dias de hoje não se faz necessário, pois atualmente as imagens já vem reamostradas. A reamostragem foi feita dividindo-se o número de linhas e colunas das bandas menores pelas maiores, obtendo-se assim um fator de correção que posteriormente foi multiplicado pelo número de linhas e colunas das bandas que se desejava reamostrar. Um terceiro passo dentro do processo de correção geométrica foi o de recortar a imagem bruta em relação a área de interesse (RMRJ) com o intuito de melhor visualizar o dado e também de diminuir o tamanho das imagens (Figura 2). A definição da área do recorte foi feita apenas uma vez e depois aplicado nas demais imagens, para que estas cobrissem a mesma região geográfica.

Recorte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro na Imagem LANDSAT
Figura 2: Recorte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro na Imagem LANDSAT.

Em seguida, foi realizada a correção radiométrica com base nas equações e constantes de calibração de Chander (Chander et al., 2009) como parte do pré-processamento dos dados. E com suporte no trabalho de França e Cracknell (França e Cracknell, 1995) foi realizado o mascaramento de nuvens, com a adoção de três técnicas: a) técnica com base em limiar do valor da reflectância na banda 3; b) técnica com base em limiar do valor de temperatura de brilho na banda 6; c) técnica da razão entre as bandas 4 e 3. As três técnicas identificam se o píxel está coberto por nuvens ou não. Estes dois processos podem ser melhor conhecidos nos trabalhos de Lucena (2012) e Lucena et al. (2013).

Em uma segunda etapa foi calculada a Temperatura da Superfície Continental (TSC). Medidas adequadas da TSC são úteis aos estudos de clima urbano devido ao seu papel importante no balanço de energia à superfície. Sua utilidade no entendimento das interações terra-atmosfera decorre principalmente da sua sensibilidade à partição dos fluxos de calor sensível e latente à superfície (Norman et al., 1995). Grande parte de trabalhos em clima urbano, que fazem uso de dados de sensoriamento remoto no infravermelho termal, utiliza a temperatura de brilho, associada à radiância no topo da atmosfera (Souza e Silva, 2005), como aproximação da TSC. Essa abordagem simplificada deve-se à dificuldade de uma estimativa adequada da TSC a partir de dados de satélite, que requer levar em conta, não só os parâmetros atmosféricos, mas também a emissividade da superfície. E erroneamente a maioria dos trabalhos em clima urbano utiliza a expressão “temperatura da superfície†quando de fato foi implementada a temperatura de brilho, aquela obtida no topo da atmosfera. Portanto, torna-se necessário corrigir os efeitos da atmosfera e da emissividade na radiância medida no topo da atmosfera para eliminar quaisquer ruídos que possam interferir na estimativa da TSC real.

A Temperatura da Superfície Continental (TSC) foi estimada utilizando a banda 6 do LANDSAT com base em diferentes parametrizações (Qin et al., 2001; Souza e Silva, 2005), onde a correção atmosférica é realizada utilizando-se dados de estações meteorológicas na RMRJ. A TSC estimada é resultado da combinação entre a temperatura de brilho na banda 6 e um fator de correção que leva em conta a influência atmosférica e a emissividade da superfície no sinal registrado pelo instrumento a bordo do satélite. A emissividade foi obtida a partir do NDVI de acordo com Van de Griend e Owe (Van de Griend e Owe, 1993). A demonstração com as equações e algoritmos de correção geométrica e correção atmosférica podem ser apreciadas em Lucena (2012) ou em Lucena et al. (2013).

Finalmente, todas as imagens distribuídas anualmente foram combinadas, utilizando o critério de média por pixel (Composição do médio valor), e gerada uma única imagem por ano. Assim, cada composição de imagens representa o padrão térmico médio daquele ano.

Os mapas térmicos anuais são calculados fazendo-se a média da TSC de todas as imagens de um determinado ano. Os gráficos exibem os valores médios, máximos e mínimos de TSC ao longo dos anos para cada bairro. O valor médio é calculado fazendo a média espacial de todos os pixels presentes no bairro, enquanto o valor máximo e mínimo representa o valor mais alto e mais baixo encontrado dentro do bairro. Os valores mínimos devem ser encarados com maios cuidado visto que podem corresponder a pixels contaminados com nuvens que não foram identificados pelo algoritmo de mascaramento de nuvens.

Referências Bibliográficas

  • Chander, G., Markhan, B., L., Helder, D. L. (2009) Summary of current radiometric calibration coefï¬cients for LANDSAT MSS, TM, ETM+, and EO-1 ALI sensors. Remote Sensing of Environment, 113, 893–903.
  • França, G. B., Cracknell, A. P. (1995) A simple cloud masking approach using NOAA AVHRR daytime data for tropical areas. International Journal of Remote Sensing, 16, 1697–1705.
  • Lucena, A.J. (2012) A ilha de calor na região metropolitana do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Ciências Atmosféricas em Engenharia). Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE, Rio de Janeiro. 340p.
  • Lucena, A.J., Rotunno Filho, O. C., Peres, L.F., França, J.R.A. (2013) Algorithms implementation for land surface temperature estimation based on LANDSAT data as an indicator of urban heat island. In: Joint Urban Remote Sensing Event (JURSE). São Paulo/SP, Brasil. IEEE. 262-266.
  • Norman, J.M., Kustasb, W.P., Humes, K.S. (1995) Source approach for estimating soil and vegetation energy fluxes in observations of directional radiometric surface temperature, Agricultural and Forest Meteorology, 77 (3-4), 263–293.
  • Qin, Z., Kamieli, A., Berliner, P. (2001) A mono-window algorithm for retrieving land surface temperature from LANDSAT TM data and its application to the Israel-Egypt border region. International Journal of Remote Sensing, 22, 3719–3746.
  • Souza, J. D., Silva, B. B. (2005) Correção atmosférica para temperatura da superfície obtida com imagem TM: LANDSAT 5. Revista Brasileira de Geofísica, 23, 349-358.
  • Van de Griend, A. A., Owe, M. (1993) On the relationship between thermal emissivity and the normalized difference vegetation index for natural surfaces. International Journal of Remote Sensing, 14, 1119–1131.

  1. Texto baseado na Tese de Doutorado "A ilha de calor na Região Metropolitana do Rio de Janeiro" de Andrews José de Lucena.
    Disponível em: http://www.coc.ufrj.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3150:andrews-jose-de-lucena&catid=156&Itemid=154&lang=pt-br e no trabalho monográfico “Caracterização e validação do balanço de energia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro utilizando dados de sensoriamento remoto†de Vitor Fonseca Vieira Vasconcelos de Miranda.
  2. Apesar da série LANDSAT-6 possuir a banda termal em seu sensor, o satélite não entrou em operação, conforme mostra a Tabela 1.
© 2025 - http://www.climatologia.com.br Dep. Geografia - UFRuralRJ - BR-465, Km 7 - CEP 23890-000 - Seropedica - RJ - Brasil -